Um garoto sai de casa correndo desesperado. Ele está aparentemente atrasado. Ele fica repetindo em voz baixa: “Estou atrasado, estou atrasado...”. Ele entra numa rua e continua correndo. Em seu caminho há um antigo templo e na entrada do templo há uma senhora de pé com olhos bastante azuis.
– Atrasado de novo, Fujiwara? – ela sorri para o garoto. Ele desacelera e arfando faz que sim com a cabeça.
– Tomoeda-sama, tudo bem com a senhora? – O garoto pergunta.
– Sim, Miyako, eu estou bem. Para onde está indo com tanta pressa?
– Para a escola.
– Como assim? Que eu saiba hoje é domingo e não tem aula domingo.
– É que hoje às nove horas vai ter um eclipse solar e todos os alunos estão indo para a escola para assistir ao evento.
– É mesmo, o eclipse, a muito tempo que eu não via um... – Ela para por um momento se lembrando de algo – Dizem que durante os eclipses o portal entre esse e o outro mundo se abre.
– Eu não sabia disso, Tomoeda-sama.
– Mas chega de histórias velhas, é melhor você se apressar para a escola.
– É mesmo! – Sai correndo de repente e olha para trás e dá tchau para a velha senhora – Até mais tarde, Tomoeda-sama!
– Tchau, Miyako! Tenha cuidado!
Na escola já estão quase todos os alunos reunidos. A um canto uma garota de cabelo preto pratica embaixadinhas com uma bola de futebol. Algumas pessoas param para assistir o espetáculo que a garota proporciona. Entre eles um tímido garoto ruivo e de óculos que finge estar lendo um livro, mas na verdade está hipnotizado por ela.
– Vai com tudo, Watanabe! – gritam alguns para a garota – É isso aí Masumi! – grita um outro grupo.
A garota continua a dar um show de bola, até que sua atenção é atraída por um garoto de longos cabelos pretos presos em um rabo de cavalo, sentado a um canto alheio a toda a confusão. Masumi deixa a bola escapar de seu perfeito domínio, que acaba acertando uma garota de cabelos loiros e vestida de rosa, que acaba caindo no chão.
– Ai! Você quebrou minha unha! – grita a loira.
– Foi mal, desculpa. – diz Masumi a outra garota.
– Só podia ser você pra fazer isso, não é?
– Eu já pedi desculpas, agora pare de ser fresca Akemi, foi só uma unha! – diz Masumi para Akemi.
– É SÓ uma unha para você, que age que nem um menino! Sua brucutu! – e Akemi sai andando e dando um ataque histérico.
– Vai procurar o Ken, Barbie!
– Com licença, Masumi... – O garoto ruivo se aproxima de Masumi com a bola na mão. – Isso aqui é seu.
– Muito obrigada, errr...
– Muruyama, Akira Muruyama.
– Muito obrigada, Akira.
Ela sorri para ele e o garoto, meio bobo, volta para onde estava, fingindo ler o livro, mas ainda observando ela.
Em outra parte da escola um garotinho está de pé enquanto um outro maior amarra seu tênis.
– Eu posso amarrar sozinho, Makoto! – resmunga o garoto mais novo para o outro.
– Para de reclamar, Hiroshi, eu sou seu irmão mais velho e tenho de proteger você. – retruca o outro.
– Mas eu não sou um bebê! – Hiroshi resmunga ainda mais – Eu SEI amarrar meu próprio tênis e POSSO fazer isso.
– Pronto, já amarrei!
Hiroshi olha zangado para Makoto, e depois vira a cara para o irmão, que suspira e faz o irmão olhá-lo nos olhos.
– Você sabe que, quando a mamãe morreu, eu prometi para ela que ia cuidar e proteger você, não sabe? – Hiroshi faz que sim com a cabeça – Eu só estou tentando cumprir essa promessa.
– Mas eu posso amarrar meu próprio tênis.
– Certo. Você pode me desculpar por ser um irmão mais velho preocupado?
Hiroshi faz que sim com a cabeça e abraça o irmão mais velho.
Nesse instante Miyako chega à escola. Faltam apenas alguns minutos para o eclipse começar. ele procura uma professora e pega um óculos especial para assistir ao evento. Encontra um lugar na grama e espera para assistir o eclipse que logo tem início.
Entretanto quando o sol está completamente coberto, algo estranho ocorre. O céu e todo o lugar se tingem com uma estranha luz verde. Miyako olha ao seu redor e aparentemente ninguém mais percebe algo de estranho. Na verdade é como se todos estivessem paralisados. Um estranho feixe de luz surge do céu e alcança aos poucos o chão e toca a grama a alguns metros do garoto, onde não há ninguém. A luz é formada por seqüências de código binário.
Do celular de Miyako, um jato de luz branca parte em direção aos códigos binários. Aos poucos outro seis jatos de luz se juntam ao de Miyako e, como se ativados por isso, os códigos começam a se reorganizar e a luz se expande. O garoto é puxado pela luz de seu celular em direção ao feixe de luz. Como que sendo tragado através de um túnel. A escola fica para trás e ele mergulha na escuridão.
O sol já estava a pino, sem sinal algum da lua no céu. As árvores faziam uma agradável sombra e uma brisa suave brincava com os cabelos do garoto. Miyako abriu os olhos que demoraram a se acostumar com a luminosidade. Ele sentou, mas algo o empurrou de volta ao chão. Um estranho bichinho vermelho, com a cabeça pegando fogo, pulava sobre o peito de Miyako.
– Miyako, você chegou! – gritava feliz a pequena criatura.
Miyako levantou de súbito, derrubando a criaturinha no chão, que rapidamente se levantou e voltou a pular e cantar.
– O que é você e como sabe o meu nome? – perguntou assustado o garoto.
– Eu sou Piromon, seu parceiro digimon.
– Digimon? Piromon? – resmungou confuso – Onde eu estou? aonde foi parar todo mundo?
– Você está na floresta da montanha sagrada, no Digimundo. – respondeu Piromon.
Olhou a floresta e o espaço ao seu redor. A vegetação não pertencia a nenhum lugar que conhecesse em seu país. O sol no céu não era amarelo como o que conhecia, mas vermelho, como nunca vira antes. Aquela criatura deveria estar certa, aquele não era o mundo que conhecia. Lembrou das palavras de tomoeda-sama mais cedo. “... o portal entre esse e o outro mundo...” Será que era esse o mundo de que ela falara?
Saiu andando pela floresta com Piromon em seu encalço. Andou por alguns minutos até encontrar uma grande clareira. Já havia três outras crianças lá. Cada uma com um digimon.
– Você também veio para cá? – Perguntou Masumi ao perceber a aproximação do garoto. Miyako fez que sim com a cabeça. – Meu nome é Masumi Watanabe, da 5ª série tenho 11 anos. E esse – disse apontando para um tipo de coelhinho amarelo em seu colo – é o Sparklemon.
– Eu sou Miyako Fujiwara, tenho 11 anos e também sou da 5ª série e esse é o...
– Piromon, – disse o passarinho vermelho – o parceiro do Miyako.
– Parece que você também ganhou um “parceiro”. – disse o garoto ruivo, que também estava na clareira – Meu nome é Akira Muruyama, tenho dez anos e sou da 5ª série. O meu “parceiro” é o Sakanamon. – disse referindo-se ao peixinho azul voador que o seguia.
– E você, quem é? – perguntou Miyako ao garoto de cabelos pretos que se escondia a sombra da árvore.
– Seiji Nakayama. 5ª série. 11 anos. – disse friamente – Boiamon. – acenou para o digimon ao seu lado.
– O Sakanamon está me seguindo desde que eu acordei. – disse Akira. – Nós não estamos mais no Japão, pelo visto. Esse lugar lembra um pouco uma floresta tropical.
– O Piromon disse que estamos num tal de monte dourado no monstromundo... – mencionou Miyako.
– É Montanha Sagrada, no norte do Digimundo. – corrigiu Piromon.
– É, Sparklemon disse a mesma coisa. – comentou Masumi.
De repente um brado terrível ecoou pela floresta.
– Escondam-se! – gritou Piromon. E todas as crianças se esconderam fora da clareira, puxados por seus digimons.
Uma estranha criatura adentrou a clareira. Algo que parecia com um dinossauro de um chifre, com uma grande e poderosa armadura negra em suas costas. Ele rugiu novamente e de sua boca uma gigantesca labareda surgiu. ele continuou seu caminho destruindo algumas árvores no caminho.
– O que era aquilo? – perguntou Miyako saindo de trás da moita em que se escondera?
– Um Monochromon. – respondeu Sparklemon que saía do esconderijo com Masumi.
– Ele é um monstro digital muito forte, que vaga por essa floresta. – continuou Sakanamon, que se escondera junto de Akira.
– Tem alguém aí? – ouviram, de repente, uma voz perguntar.
– Sim! – respondeu Akira em voz alta.
Vindo da mesma direção de onde Monochromon viera, os irmãos Makoto e Hiroshi vinham andando. Makoto era acompanhado de um pequeno pássaro com uma pena na cabeça e Hiroshi tinha em seu colo um bichinho de pelúcia com asas e um chifre.
– Eu não disse que havia outros por aqui, Makoto. – disse o pequeno pássaro no colo de Makoto.
– É você estava certo, Torimon. – respondeu Makoto.
– O monstro já se foi, Hiroshi. – falou o bichinho que Hiroshi carregava.
– Ainda bem, Pegunimon. – respondeu o garotinho.
– Aquele monstro passou por aqui, não? – perguntou Makoto a Miyako.
– Sim, ele passou. – respondeu.
– Se não fosse por Torimon ele teria acabado com a gente lá atrás.
– É mesmo! – Miyako se virou para Piromon – Obrigado, você salvou minha vida.
– Não há de quê... – respondeu Piromon meio enrubescido.
– Quem são vocês? – indagou Akira aos dois irmãos.
– Eu sou Makoto Noguchi, tenho 11 anos e sou da 5ª série. Esse aqui no meu colo é o Torimon e o nome do meu irmão é...
– Hiroshi Noguchi, tenho 9 anos e sou da 3ª série. O meu amigo aqui é o Pegunimon.
– Será que mais alguém veio parar aqui? – perguntou Masumi.
– Acho que sim. – respondeu Miyako – quando aquele feixe de luz saiu do meu celular, eu vi que outros seis feixes também apareceram. Então eu acho que ao todo somos sete.
– É mesmo, - comentou Makoto – agora que você falou, eu tinha percebido que uma coisa estranha tinha acontecido com meu celular e o de Hiroshi. – eles pegaram os aparelhos nos bolsos e mostraram ao grupo. Eram objetos diferentes de qualquer modelo no mercado. O de Makoto era branco e marrom e o de Hiroshi era branco e verde. – Eles não eram assim antes de a gente vir para cá. eram celulares normais.
As outras quatro crianças pegaram seus celulares e perceberam que havia acontecido a mesma coisa com os delas. Cada um agora tinha um exemplar daquele estranho aparelhos, todos brancos, mas cada um com uma outra cor diferente. O de Miyako era vermelho, o de Masumi, amarelo, o de Akira, Azul e o de Seiji, preto.
– Esses não são celulares ou nada assim. – ponderou Sakanamon – São D-Coms, abreviação de Comunicadores Digitais. São objetos muito poderosos no digimundo.
Miyako olhou para o seu D-Com. Ele não parecia algo “muito poderoso”, como disse Sakanamon. Parecia mais um mini-game, ou MP3 Player.
– O que isso faz? – Perguntou ele para Sakanamon.
– Um D-Com, pode se comunicar com outro, assim como localizá-lo dentro de um certo alcance e também contém informações sobre digimons.
– Deixa eu tentar... – Miyako apontou a câmera do D-Com para Piromon e apertou um botão, ao que o aparelho respondeu: “Piromon: Younenki II. Função: Informação. Atributo: Vacina. Tipo: Pássaro de fogo. Técnica especial: Bolhas.” – Não é que funciona mesmo...
– Se isso pode localizar outro D-Com e todos nós temos um desse... – pensou Akira – Nós podemos localizar a sétima pessoa. – Ele apertou um botão e o D-Com começou a apitar como um radar. – É isso! – ele olhou para a tela – Ele está naquela direção.
Foi então que ele percebeu que apontava para a direção em que Monochromon tinha seguido. Justo nesse momento um grito de medo cruzou a floresta. As seis crianças e seus digimons correram em direção ao grito de socorro. Mais a frente uma garota loira, Akemi, estava acuada contra uma árvore. Monochromon tentava investir contra ela enquanto uma estrelinha amarela tentava protegê-la.
Os seis outros digimons, liderados por Piromon, se juntaram a ela e começaram a ajudá-la enquanto Miyako e os outros tiravam Akemi Ishi, de perto do combate.
– Glowmon! – gritou a garota pouco antes do que ela temia que fosse acontecer.
– Grande Fogo! – Bradou Monochromon pouco antes de uma grande labareda atingir os pequenos digimons que tentavam detê-lo. A explosão lançou-os longe. Sem pensar duas vezes, Miyako correu para tirar Piromon de onde ele estava, prestes a ser esmagado pelo grande monstro digital. Os digimons e as crianças se juntaram num único grupo e tentaram fugir do monstro, mas ele incendiou o caminho por onde eles pretendiam fugir.
Monochromon estava prestes a acabar com as crianças quando os digimons avançaram novamente contra ele. Eles tentaram e foram novamente derrubados pelo ataque Grande Fogo. E apesar dos gritos das crianças para que tentassem fugir, eles não desistiram de proteger seus parceiros humanos. E como resposta a essa persistência e coragem uma forte luz verde, como a do eclipse, veio do céu, atingindo os digimons. Os D-Coms brilharam em resposta. Então aconteceu...
Piromon digivolve para... Flamemon.
Torimon digivolve para... Wingmon.
Glowmon digivolve para... Hoshimon.
Boiamon digivolve para... Snakemon.
Pegunimon digivolve para... Persemon
Sparklemon digivolve para... Usagimon.
Sakanamon digivolve para... Fishmon.
Os digimon, agora em suas novas formas, investem contra Monochromon.
– Soco de rocha! – Hoshimon ataca com um forte soco que deixa Monochromon confuso.
– Névoa de escuridão! – Snakemon solta de sua boca uma nuvem de fumaça negra que impede que Monochromon veja qualquer coisa.
– Raio Mágico! – Persemon solta de seu chifre um raio verde que atinge Monochromon.
– Jato de água! – Fishmon cospe um jato de água em Monochromon.
– Faísca estática! – O monstro, já molhado, leva um choque dado por Usagimon, que o deixa atordoado.
– Lufada de Ar! – O monstro é derrubado no chão pelo jato de vento lançado pelas asas de Wingmon.
– Garras Incandescentes! – Flamemon atinge o monstro bem na barriga, seu ponto vulnerável, com suas garras em chama.
O monstro, derrotado, se transforma numa esfera de dados. No seu núcleo uma sombra maligna se abriga. Percebendo o brilho intenso que sai de seus D-Coms, as crianças apontam seus aparelhos para a sombra, que abandona seu esconderijo e parte de volta ao seu local de origem. A esfera de dados assume uma nova forma e se transforma em um Gotsumon. Parecia que tudo estava em paz, mas a luta acabou atingindo o equilíbrio da montanha e uma avalanche se forma. O que as crianças e seus digimons poderão fazer para se salvar? Descubra no próximo capítulo dessa história.